2 de setembro de 2013

[101] Episódio Cinco: O velho foi, o velho será

































“A vida é cíclica” pensa o velho guerreiro. “A vida é cíclica pra quem vive, e pra quem já morreu?” pergunta o velho a seus ternos. Célio arrasta-se sem muita dificuldade, dá as costas ao armário, anda até a sala, com dificuldade agarra um disco de vinil, coloca na vitrola: “Cíclico e infinito, só Ravel” com esse pensamento Célio coloca para tocar...”

O velho se arrastou durante toda a primeira temporada. Seus passos, seus passos lentos, seus passos lentos em direção à vitrola. O soldado se arrastou para lá, e para cá, sem muito rumo, sem rumo algum; dançou, o velho dançou ao som do Bolero.

Como a lenta introdução dos instrumentos de sopro o velho caminhou por entre os cômodos, e por entre as cortinas se escondeu. O velho desceu alcançou a rua, fez suas idas matinais até a praça do bairro.

Foi visitar inúmeras vezes o seu não melhor amigo, o rapaz da padaria, o mesmo que insiste em lhe chamar pelo home errado.

Célio, o velho, chega à padaria: “Um sanduíche de mortadela”. “Um sanduíche de mortandela senhor Zélio”"Ahahaha". Célio Ri com gosto do atendente da padaria, que nunca consegue acerta-lhe o nome, nem do embutido, nem o seu. “Quantas vezes, jovem, terei de dizer que non é Zélio, o certo é Célio”. “ja” Célio “ja”.“Um dia acertarei de primeira senhor, acredite, um 
dia acertarei de primeira”

Mas o velho está perdendo, perdeu o sotaque alemão, finalmente; perdeu o medo da luta, e voltou pra rua para, como antigamente. E agora o que será do velho?

- Agora me vem tudo, todas as lembranças, memórias, e tudo mais que poderia não vir nunca, só não consigo achar o que preciso.



Lembranças parecem tomar conta do dia a dia do velho! 

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