4 de abril de 2013

[505] Episódio 5: Tomadas Frouxas

Capa do álbum "Desvio de Conduta", da banda Strike


Conectar a tomadas frouxas os plugues da luminária, da tevê, do videogame, do liquidificador. Uma incrível terapia.
Eu poderia simplesmente trocar todas as tomadas do apartamento. Substituir pelo novo modelo, daquele de três pinos. Mas qual a graça de não exercitar a paciência todos os dias?
É engraçado observar as tomadas. Você pode me achar um louco — aliás, se você me acha perfeitamente lúcido até aqui, peço que leia minhas histórias novamente —, mas é impressionante como elas se encaixam perfeitamente, mesmo com seus defeitos.
Permita-me explicar: para se estabelecer a conexão de energia, os plugues e as tomadas frouxas precisam de uma posição correta: nem muito enterrados um no outro (a ponto de os pinos do plugue desaparecerem) ou nem muito longe. Um meio termo bizarro e difícil. E quando o problema é um plugue torto? Tão divertido quanto. É quase como montar um quebra-cabeça, com a diferença que isso no fundo tem uma utilidade. Realmente fantástico!
E nós, seres humanos que procuramos o amor, uma alma gêmea, a metade da laranja, a tampa da panela... Como achar algo que nos completa se o que nos completa normalmente é terrivelmente distinto do que realmente somos? Nada se encaixa perfeitamente, nunca se encaixará. Somos peças com defeito. O defeito, a imperfeição, é isso que faz cada um de nós ser especial. É isso que nos separa, isso que nos junta. Somos plugues tortos procurando tomadas frouxas. Em algum momento inesperado, a conexão acontece.
Que merda de pensamento é esse? Espero que a energia volte logo, preciso voltar a internet... Droga de chuva.

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