2 de novembro de 2013

[502] Não há dia para sentir saudade



Hoje, ao acordar, procurei um florista. Escolhi as flores do campo mais lindas e fui ao mar. Precisava abraçar minhas saudades. Conversar com meu Deus para acolhê-las e acalmar meu coração. Imagino que esteja sentindo o mesmo.

Não gosto desses rótulos de dias disso ou daquilo, principalmente de quando mexem comigo e me fazem tristes como agora. Mas fui criada assim: dia de mãe, pai, avó, da criança... dias e dias que me traziam ou me levavam presentes... e o dia dos mortos.

Finados! Este, quando criança, era um horror! Minha vó Eloah não me deixava ouvir música alta, me fazia ir ao cemitério levar flores pra gente que eu nem conheci... Acabei absorvendo essa cultura ingrata, que hoje não valorizo, mas tenho em ranço, na alma encrustada.



E aqui estou eu, morrendo de vontade de chorar de saudade. Contra tudo que penso, porque penso que a morte é renascer. Mas esse renascer, agora, dói... Mesmo tendo crença na reencarnação, sabendo que quem amo está vivendo ainda, fico, de maneira bem egoísta, querendo que eles estivessem comigo ainda aqui.

Dia da saudade! Ora! Que dia que nada... Não há dia para a saudade... Sentimos saudades do que foi e dos que foram todo dia... Porém o que fazemos é embuti-la na rotina, guardando-a em um canto escuro do coração para aliviar aquele sentimentozinho de dor que, mesmo não querendo, fica evidente no instante em que ela, sobrevivente ainda, rompe as barreiras musculares e cerebrais e aparece no corre-corre da vida da gente.

Mesmo sabendo disso, o meu lado racional nessa hora se coloca em segundo plano e deixa emergir uma emoção quase doentia de dentro da alma... será que me entende?

Sinto que é necessária a saudade para que o esquecimento se vá. Este sim é perverso. Só se deve esquecer o que nos trouxe (ou traz) mágoas e ressentimentos, fazendo com que o perdoar seja uma dádiva (e que difícil isso, viu!).




Que neste dia possamos, Paolo, meu pai querido, viver intensamente nossas saudades em alegria extrema de querer bem!

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