Hoje, ao acordar, procurei um florista. Escolhi as
flores do campo mais lindas e fui ao mar. Precisava abraçar minhas saudades.
Conversar com meu Deus para acolhê-las e acalmar meu coração. Imagino que
esteja sentindo o mesmo.
Não gosto desses rótulos de dias disso ou daquilo,
principalmente de quando mexem comigo e me fazem tristes como agora. Mas fui
criada assim: dia de mãe, pai, avó, da criança... dias e dias que me traziam ou
me levavam presentes... e o dia dos mortos.
Finados! Este, quando criança, era um horror!
Minha vó Eloah não me deixava ouvir música alta, me fazia ir ao cemitério levar
flores pra gente que eu nem conheci... Acabei absorvendo essa cultura ingrata,
que hoje não valorizo, mas tenho em ranço, na alma encrustada.
E aqui estou eu, morrendo de vontade de chorar de
saudade. Contra tudo que penso, porque penso que a morte é renascer. Mas esse
renascer, agora, dói... Mesmo tendo crença na reencarnação, sabendo que quem
amo está vivendo ainda, fico, de maneira bem egoísta, querendo que eles
estivessem comigo ainda aqui.
Dia da saudade! Ora! Que dia que nada... Não há dia para a
saudade... Sentimos saudades do que foi e dos que foram todo dia... Porém o que fazemos é embuti-la
na rotina, guardando-a em um canto escuro do coração para aliviar aquele
sentimentozinho de dor que, mesmo não querendo, fica evidente no instante em
que ela, sobrevivente ainda, rompe as barreiras musculares e cerebrais e
aparece no corre-corre da vida da gente.
Mesmo sabendo disso, o meu lado racional nessa
hora se coloca em segundo plano e deixa emergir uma emoção quase doentia de
dentro da alma... será que me entende?
Sinto que é necessária a saudade
para que o esquecimento se vá. Este sim é perverso. Só se deve esquecer o que
nos trouxe (ou traz) mágoas e ressentimentos, fazendo com que o perdoar seja
uma dádiva (e que difícil isso, viu!).
Que neste dia possamos, Paolo, meu
pai querido, viver intensamente nossas saudades em alegria extrema de querer
bem!
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